É impressionante o jeito que a minha cabeça fica quando tenho coisas demais a fazer: ligo o automático. Há dias parece que ando ausente, meio stand-by, meio apática talvez seja o termo. A minha rotina ligou o piloto tão mas tão automático que eu esqueço de perceber as coisas ao meu redor, pareço um robô sistematizando tarefas, deveres e obrigações. Parece que meu coração anda congelado aqui dentro, apesar dos quase trinta graus lá fora; parece como se eu estivesse esperando o ônibus chegar, enquanto cada minuto da vida passa dentro dos carros apressados e que não me permitem mais nada além de virar a cabeça e perseguí-los com os olhos, as pernas não conseguiriam mais. Tive a impressão de que minha vida anda passando por mim, voando... e tão mal educada quem nem acena. E nessas horas eu paro e me pergunto: Por que a gente tem que crescer? Por que a rotina tem que ser tão esmagadora a ponto de não me deixar mais enxergar a beleza num pôr-do-sol, em algumas palavras no celular, em uma música que não seja ouvida somente para passar o tempo enquanto tô me transportando? É como li hoje, em um texto da Martha Medeiros (chama Abreviados). Vivemos a cada dia vidas mais miseráveis, não só como aqueles miseráveis sem comida nem saúde nem teto, mas fartas de misérias interiores... Corrompidos pela pressa, cegos pela rotina, atordoados por tanto barulho. É, acho que preciso de férias.
"Eu vejo miséria por todos os lados, em todos os andares dos edifícios, dentro dos carros, fora deles, em portas de escolas e dentro delas, do lado de fora da nossa casa ae também ali comodamente instalada, miséria espiritual, miséria afetiva, miséria intelectual, indigências que tornam o ser humano cada dia mais tosco e bruto. Eu sei que a vida é assim mesmo, que os tempos são outros, que não adianta vir com moralismo e com este papo de que a família tem que participar mais da vida dos filhos, nada adianta, o rio vai seguir correndo para a mesma direção. Eu sei. Mas não me conformo." (Martha Medeiros)
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