sexta-feira, 17 de julho de 2015

Encontros e Desencontros

Me disseram para contar uma história. Então, de muitas que podem vir, vamos tentar primeiro com esta. Chovia há sete dias em Porto Alegre. Cidadezinha vazia, férias de julho, prédios desviando as gotas d'água que caíam do céu cinza chumbo. Depois de cair de um precipício emocional no final de semana, resolvi marcar um encontro. Sim. Eu, recentemente solteira de novo, resolvi me aventurar nesse mundo desconhecido dos solteiros, 'again'. Cinema. Fui rápida e certeira, ele aceitou imediatamente, como se estivesse do outro lado só esperando eu convidá-lo pra fazer algo. Quando ele disse rapidamente que sim, eu pensei, "uau, que fácil". Que fácil, que nada! Mas calma, que eu já estou me adiantando. 
A verdade é que eu já tinha encontrado esse rapaz, uma semana atrás, e tinha sido um bom encontro. Conversas interessantes, algumas risadas em meio a drinks, um beijo aqui, outro ali, e eu vim embora para casa satisfeita. E pensei, por que não repetir? Então fomos, deixei ele escolher o filme, o que já começou mal. Um filme teen. Mas no final das contas, não era tão ruim assim, me fez pensar. Era a história de um adolescente do tipo nerd, típico, daqueles "criados em apartamento pela vó" (metaforicamente), apaixonado pela vizinha: uma garota que adorava aventuras e se metia em mil confusões.  Mas no final do filme, para minha surpresa, um toque da vida real. A menina nunca se apaixonou por ele, ela estava imersa naquela vida de descobertas, da eterna descoberta de si mesma, e acredito que é mais fácil fugir de si mesmo viajando e ao mesmo tempo, tentando se encontrar, sem planos, sem pressa. Enquanto ele, estava ótimo no final do filme. Ele tentou, fez o que tinha que fazer, e senti um orgulho nos olhos dele de missão cumprida. Ele não ganhou a garota, porque, na verdade, não precisava. E eu me vi ali. Sim, estava no cinema com um cara boa pinta, bonitão, inteligente,  etc, etc, etc. Mas minha mente ficava voltando pro passado, eu simplesmente me via naquele garoto que descobria que a felicidade estava bem ali diante dele, na realidade, dentro dele, e que aquele sonho maluco de conquistar a menina rebelde, difícil e inalcançável era, sim, inalcançável. Mas ele não se sentiu fracassado, não era como se ele tivesse desistido, sabe? Ele estava em paz. E aquilo me tocou de um jeito. Me deu uma esperança absurda que eu também poderia ficar em paz. Porque eu tentei. Porque eu quis. Eu lutei. Fui forte por muitos anos. E aquilo, simplesmente, não era pra mim. Um ex meu costumava dizer que o pai dele sempre falava pra ele quando ele estava triste, "o que é teu está guardado". É mais ou menos por aí o que quero dizer. A felicidade está em nós, claro, ninguém vai nos dar algo que a gente já não tenha. Mas tanto o guri do filme como eu estávamos lutando por algo que nunca seria o que nós sonhávamos. E essa jornada é o oposto da felicidade.
Mas bem, voltando ao encontro, fiquei pensando na simplicidade que era ele gostar da minha companhia. Eu não tinha que me esforçar nem um pouco pra ele achar o máximo cada coisa que eu dizia (ou ele fingiu muito bem). E como a vida é engraçada, eu, ao contrário, bem... não estava tão confortável com as coisas que ele dizia. Mas a vida é assim mesmo, um eterno encontro e desencontro. E é preciso dizer adeus para certas coisas para poder dar boas vindas a outras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário