Adoro ser acordada de manhã com o cheiro leve do sabonete de uva que perfuma a casa inteira quando ele sai do banho, depois de ter pulado da cama dez minutos mais cedo só para poder se arrumar sem atrapalhar o meu tempo. Adoro os inícios de manhã com o sol encoberto pelas nuvens de algodão-doce lilás que logo dão espaço ao céu alaranjado que observo pela fresta da janela que fica sempre aberta. Adoro chegar na cidade quando ela ainda desperta e os barulhos vão crescendo gradualmente, como se uma fina camada de preguiça fosse evaporando e dando lugar ao perfume do pão quentinho e aos movimentos de um centro que começa a dar os ares do trabalho. Adoro o barulho metálico que rasga o canto dos passarinhos no meio da praça quando as lojas abrem, adoro os minutos que ainda restam de silêncio na rua movimentada que dá para a minha janela, adoro a sensação de friozinho do início da manhã.
A única coisa que não gosto é o cheiro de combustível que vai substituindo o cheiro fresco da grama ainda molhada, esse cheiro que vai sufocando o respirar e tensionando a rotina. O cheiro de cidade. O cheiro que me lembra que o melhor perfume é o despertar de uva e pão. Que me faz agradecer por ter alguns minutos para devorar o algodão-doce do meu céu.
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