Jamais cogitou, sequer em seus devaneios mais remotos e despidos de todo senso objetivo que a impregnava, a possibilidade de vir a amar desesperadamente um segundo homem como amava o primeiro, sem que esses amores se entrecruzassem pelas artérias que inundavam de sangue e amor os diversos compartimentos de um mesmo coração.
Depois de assumir, não sem muito lutar contra essa certeza tão escandalosa, a segunda constatação foi natural e inevitável: o amor ao primeiro homem, por pura falta de uso prático, murchava lentamente como a gardênia branca esquecida sob o sol impiedoso. Atrofiava-se de tantos sonhos, afogava-se nas torrentes de sentenças não pronunciadas e pela contração muscular involuntária que persistia em esvaziar de todo amor o compartimento dificilmente preenchido.
Do espaço vago, nada se apossava. Restou um saguão despovoado, repetidamente encharcado e drenado pelo líquido vermelho que corria à revelia da vontade de mantê-lo eterno e intocável, como um salão de baile desativado onde ainda ecoam os passos da última valsa do último par.
Fez coro com Fermina Daza, acrescentando ao "pobre homem" um pobre de mim...