Num mundo pautado pela beleza, é anormal ouvir "não estou de dieta" de alguma mulher com mais de vinte anos - e muitas vezes, também anormal ouvir de adolescentes de quinze já tão preocupadas com o número do manequim. Num mundo onde vestir 40 é crime capital, me afogo em chocolate, bolo e culpa. Sou mulher e facilmente enganada pela mídia que me diz a todo tempo que doce engorda, refrigerante dá celulite, fritura mata. O que eles escondem é que a preocupação exagerada com o corpo começa cedo e mata muito mais do que fritura, refrigerante e doce.
Me recuso a fazer dieta e explico o porquê. Acho que dieta não mata só calorias, mata a espontaneidade, mata o sorriso, frustra um desejo que aparece no meio da tarde. Dieta, pra mim, é tortura. Mesmo depois de uma gravidez, voltei facilmente ao meu peso, mas meu manequim jamais voltou a ser o mesmo. Resolvi o problema sem dieta, sem correr feito louca, sem comer mais alface do que estou habituada: comprei calças maiores. Claro que tive crises, falei que estou gorda, briguei com meu próprio corpo e, lógico, não adiantou nada. Mas, como posso e devo, sou bem resolvida com meu novo corpo e meu novo peso.
É ilógico desejar que mulheres de trinta tenham os mesmos corpos que aos quatorze anos, é idiota incentivar a corrida contra seus próprios corpos, é absurdo legitimar métodos de tortura pra tentar tornar isso possível.
Fazer dieta é rejeitar a si mesma, o corpo, as formas, a beleza. Claro que ouço muito me dizerem que "se eu posso melhorar, por que não?" e aí que me pergunto, por que ser magra é melhor que ser gordinha? Nota: ser gordinha hoje em dia é estar com o peso adequado, vestindo o tão temido 40, comendo e vivendo sem culpas, sem grilos, sem ricota (argh!).
Respeito quem faz dieta, mas não me sugiram métodos mirabolantes para enxugar gordura. Não me sugiram fórmulas mágicas para enxugar a mim mesma. Não me peçam para rejeitar as maravilhosas receitas do meu marido, regadas a batatas (carboidratos, meu Deus!) e muito azeite. Não me digam para cortar a comida, pois sem prazer na comida e no amor, não há sentido nenhum em viver.
Brigar com o peso, para mim, é como brigar com as estrias que ficaram da gestação. São marquinhas que o tempo e a experiência de gerar alguém me deixaram. E, mesmo que fossem só de brigadeiro, seriam as marquinhas da felicidade de não me privar das minhas vontades.